quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fonte: Revista Alfa

O vilão de Tropa 2


Entrevista exclusiva com Sandro Rocha, ator de Tropa de Elite 2



O personagem que mais cresce de Tropa 1 para Tropa 2 é o sargento Rocha, interpretado por Sandro Rocha. No primeiro filme, o sargento era o cara que cobrava propina para liberar as férias dos soldados. Tratava-se de um papel secundário. No segundo, ele é o grande vilão. Agora ele é o chefe da milícia que mata sem piedade e enche os bolsos explorando todo tipo de negócio nas favelas, como a venda de botijões de gás, o transporte de vans e o “gatonet”. “Meu personagem é o major Rocha, que era sargento no primeiro filme e agora foi promovido. É um cara sem escrúpulos, totalmente obcecado por poder, dinheiro e status”, diz Rocha. “Eu tinha uma noção do que era a milícia, mas nada comparado com o que vivi no filme. Parece mentira, mas não é”. O ator falou sobre sua carreira e o papel em Tropa 2 para a revista ALFA.






Tropa de Elite 2 é sua primeira experiência no cinema?

É a segunda. Também fiz uma participação no primeiro Tropa de Elite como um sargento.

Trabalhar no cinema era como você esperava?



É simplesmente melhor do que eu imaginava. É mágico!

Como você entrou no filme?

Eu tinha feito teste para um outro personagem do filme e estava esperando, quando alguma coisa aconteceu e me ligaram novamente para fazer outro teste para o Major Rocha. Acredito que estava escrito, pois fui aprovado e essa foi a minha maior conquista até agora como ator.

Você pode descrever o trabalho de preparação feito com a Fátima Toledo?

A Fátima foi fundamental no processo, pois o método dela de trabalho é simplesmente incrível. Ela faz com que o ator se lance com a alma e entenda muito bem o objetivo dentro da história. É uma preparação muito intensa que te faz entrar em contato consigo mesmo, fazendo fluir melhor todo o propósito.

Como essa preparação ajudou você? Ela foi física e emocionalmente intensa? Quanto tempo você dedicou à preparação?

Esta preparação me levou ao limite em todas as áreas da minha vida, pois tanto na parte física quanto emocional, somos limitados e às vezes necessitamos de alguém para conduzir nossos limites e ajudar-nos a descobrir, muitas vezes, riquezas escondidas. Desde dezembro estive junto com o elenco na preparação. Fui um dos últimos. Vivi intensamente cada dia.



Você fez alguma preparação específica com Moura? E com Irandhir?


Não. Apesar de estarmos ligados pelo arco dramático, minha relação com o Wagner no filme foi de apenas duas cenas e não tive nenhuma cena com o Irandhir.



Fale um pouco da experiência de contracenar com atores como Moura e Irandhir. O que você achou do trabalho do Moura?

Falar do Wagner é chover no molhado, pois as características mais marcantes dele são a entrega, estudo e perfeição pelos mínimos detalhes. Eu me identifico com ele, pois também sou assim. É um dos melhores atores do nosso país, sem dúvida.

Você participou de cenas de ação? Você participa de muitas cenas do filme?



As minhas cenas são 90% de ação. Meu personagem é bem explorado na trama.



Qual foi sua cena mais desafiadora?



Todas. Tropa de Elite não é um filme comum e é impossível viver um filme desses sem vivê-lo em sua plenitude, pois tudo é muito vivo e visceral. A entrega durante a realização das cenas é um desafio constante.



Fale um pouco do seu personagem e do seu lugar na trama?



Meu personagem é o major Rocha, que era sargento no primeiro filme e agora foi promovido. É um cara sem escrúpulos, totalmente obcecado por poder, dinheiro e status.



Ideologicamente, os assuntos tratados em Tropa de Elite 2 interessam para você?



Com certeza, pois entramos em contato com situações em que, sinceramente, chegamos até a duvidar se são verdades e passamos a entender muito do contexto social. Na verdade, as pessoas estão a todo tempo procurando seus heróis e às vezes quem ocupa esta posição nem sempre está em conformidade com a lei.

Qual é sua opinião sobre o primeiro filme? O problema das milícias é tão grave como o do tráfico?



O Tropa de Elite retrata mais o contexto da polícia de elite e a sua relação direta com a tentativa de erradicação do tráfico de drogas. Creio que esse conceito de “enxugar gelo” se encaixa e é muito bem retratado no filme. O problema das milícias é tão ou mais grave do que o do tráfico. Ambos os casos são uma conseqüência dos desmandos e da impunidade que assola o nosso país.

O público conhece o problema das milícias? Antes de entrar no filme, você estava familiarizado com o assunto?



Creio que o público tenha uma vaga noção, mas com certeza depois de verem Tropa de Elite 2 vão conhecer mais a fundo. Tinha uma noção, mas nada comparado com o que vivi no filme. Parece mentira, mas não é.



Você acha que o novo filme será tão revelador como o primeiro, que tratava da polícia e do tráfico?

Não tenho dúvida. Este filme, assim como Tropa de Elite, entrará para a história do cinema nacional. Seu conteúdo é muito forte e retrata situações das quais ouvimos falar, mas nunca de forma tão aprofundada quanto no filme.


O que você pensa do estilo de direção de José Padilha, de sua busca do realismo e da sua preocupação constante com a qualidade das informações nas situações narradas?



Fico feliz em responder essa pergunta. José Padilha para mim é um gênio, pois ele consegue transformar uma ideia em realidade, de uma forma mágica, sabendo tirar do ator o que realmente importa para contar a história. O Padilha tem muita sensibilidade e deixa o ator criar e propor argumentos para o desenvolvimento da história.



Qual era o clima do set?

O clima do set sempre foi muito animado, mesmo com os 45 graus que fizeram no último verão carioca (risos). A equipe sempre esteve com uma energia boa e todos queriam contar essa história da melhor maneira possível. Eram todos muito profissionais e uma grande família. Já sinto falta!


A pirataria do primeiro filme causou algum tipo de trauma com o vazamento das informações em Tropa de Elite 2? Você assinou algum contrato de sigilo?



Foi um trauma para todo o país, acho. Essa situação foi uma vergonha e um absurdo. Como pode um filme ser roubado dessa maneira? O que acontece hoje é que existe um cuidado maior com tudo. Não assinei nenhum contrato de sigilo, mas somos fiéis ao nosso filme e temos um compromisso com que ele faça uma carreira vitoriosa.









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