domingo, 17 de outubro de 2010

Fonte: Extra ONLINE

Sandro Rocha:

"Tropa 2 está econômico

diante do que vi por aí"


Ator com o papel de Ronald McDonald em seu currículo e envolvido em projetos sociais. Consegue imaginar que uma pessoa dessas é o ator por trás do cruel Major Rocha, o PM-corrupto-miliciano de “Tropa de Elite 2”? É isso mesmo. Sandro Rocha, de 36 anos, teve de estudar a fundo o personagem, e disse que as cenas do filme são muito pouco perto do que viu por aí.
Como está sendo a repercussão do seu personagem, o Major Rocha? Está sendo hostilizado na rua?
Sandro: É bastante interessante. O público aborda e fica receoso com a minha reação. Eles falam que ficam com raiva do meu personagem, que é mau, mas entenderam bem. Entre nós, só o bom humor é um ponto comum, porque o resto é muito diferente. Em algumas cenas, como a do churrasco, consegui improvisar bastante porque tenho uma veia de humor.
A corrupção da polícia é um assunto que sempre lhe interessou, ou você fazia o tipo que fugia deste tipo de noticiário?
Sandro: Moro no complexo do Lins, e convivo com bandidagem. Não da mílicia, mas já vi muitas coisas acontecendo desde criança. Não me interesso tanto pelo assunto porque a história se repete. Mas
fui atrás de informações para construir este personagem. Na internet, no YouTube, vasculhei de tudo. Não dá para fazer um filme como este só com a memória afetiva, tem que cair dentro.

O que é pior na sua opinião? Tráfico ou milícia?
Sandro: Os dois são ruins mas milícia é pior ainda. O rapaz que entra no tráfico é vítima social. Vive numa comunidade carente, e a vida dele é assim desde pequeno. O miliciano geralmente fez concurso público, teve alguma condição de vida. E acabou fazendo a escolha por ser bandido. Teve a oportunidade e optou pelo crime.
O que mais lhe causou espanto diante de tudo que viu durante a preparação para este filme?
Sandro: O filme está bem econômico diante de tudo que vi por aí. Procurei conversar com diversos policiais para saber como algumas coisas aconteciam. As formas de tortura que os milicianos usam para dar uma lição na comunidade são muito cruéis. No filme, a execução do cara da van é horrível. Aquela cena para mim é muito pesada, agressiva, muito fora de tudo que eu já vivi por aí.
Como você olha hoje para policiais hoje?
Sandro: Tem policial decente, que faz trabalho de segurança e de carga para complementar o salário. Afinal, com um salário de mil reais fica muito complicado. Acho que a PEC 300 tem que ser aprovada. Uma polícia mais focada no seu trabalho, que não precisa se concentrar em atividades particulares, seria fundamental. Não ia acabar com a corrupção, mas ia melhorar muito. Corrupção vem um pouco de berço. Tem gente que tem desvio de caráter, não tem jeito. 
Concorda com o capitão Nascimento, que a PM do Rio deve acabar?
Sandro: Não, mas deveria ser reformulada por completo. Se acaba a PM, estamos punindo bons policiais. Acho que deveria haver uma reforma, que passa por salários. 
Tem uma opinião formada sobre a UPP?
Sandro:
As UPPs devem levar cultura, esporte, educação, para poder proporcionar às comunidades carentes mais condições. Nas favelas não há saneamento básico, a pessoa não tem dignidade sequer de tomar um banho quente, um copo de água filtrada. Já que o governo começou com a UPP tem que levar isso até o fim, para levar esta dignidade para o povo.
Você tenta emplacar um projeto de inclusão artística para crianças no Lins, e diz que nunca recebeu o apoio de um vereador, um deputado. Acredita que iniciativas como essa não
vão para frente por um problema no sistema, como o filme aponta?

Sandro: Estou fazendo a minha parte, tentando captar recursos. A iniciativa privada está querendo saber do projeto e estou na esperança de conseguir emplacar este projeto este ano. Não vou esperar pelo governo. Está tudo envolvido. Para um político é interessante entrar numa comunidade antes de eleição para colocar flúor na boca de criança, fazer churrasco, dar camisa. Fazer uma estrutura para gerar emprego, por exemplo, dá muito mais trabalho.

2 comentários:

  1. Você é um monstro de ator. Assisti ao filme entre fascinada e horrorizada com o personagem.

    Parabéns. Ainda tem muito a dar a arte no Brasil.

    Atua muito!!!

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  2. Cara, nunca me esqueci daquela frase do Tropa de Elite "Quem quer rir, tem que fazer rir". Gostei muito. Pena que ainda não vi o filme, apenas assisti o trailer. Você tem se saído muito bem. Parabéns!!! Sucesso!!!

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